quarta-feira, 29 de julho de 2009

Marinheiro

Graciele Felix

Era um barco de multidão eloquente,
num instante como se ausentassem os ruídos, as vozes em tom grave brilhante foram invadidas pelo silêncio e alegria de um reencontro. Tantos séculos e justamente aqui.
Dois pares de pupilas unidas pela primeira vez nesta vida. Éramos dois viajantes isolados, caminhando pela proa alagada desejando ser parte do bravio mar. Os corpos se encaixavam como fôrmas perfeitas, as mão se tocavam como se reconhecessem em suas marcas o passado recente. De repente os olhares não mais se cruzavam. Quem diria a "faceta" da vida, jamais nos unir de verdade.
Não reconhecia mais as pupilas que vislumbravam meu corpo nas manhãs de segunda-feira, adormecendo em meu peito juvenil, ansiando por mais um minuto de meu sorriso. Tantas tormentas se passaram. O mar enfurecido devorou meu olhar de vislumbre quando me deixas-te no barco a deriva, mesmo sabendo que erás tú que me conduzia na imensidão do oceano. O tempo recusou-se a secar minhas feridas.
Já faz tanto tempo que não nos vemos, somente hoje lhe reconheço, é como se o barco voltasse ao cais, e eu admirasse novamente o marinheiro sagaz e imponente, aquietando a multidão para que enfim teu olhar reconhecesse minha alma. Pela primeira vez teu abraço falou comigo, de tanto que sofreu calado ao me ver em outro braço, mas lamento que tão tarde ele tenha reconhecido e me dito o que sempre negaste.

Um comentário:

  1. Adorei o texto,parabéns!Quando eu crescer quero escrever assim!Rs

    Beijo moça.

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