terça-feira, 22 de março de 2011

Meu menino guia

Por Graciele Felix

Me bate uma tristeza estranha no peito
um soluço com precedentes, uma lacuna no ser
Me invade uma ira calada...
Queria tê-lo nos braços, acalmar os teus medos
e niná-lo no leito...
Meu menino guia!
Ele traz nas mãos os grilhões de coragem,
a paz em sua imagem, o sorriso no olhar
Vivifica a mortandade nos caminhos
e retira os espinhos das mãos dos iguais
Ele tem seu corpo marcado pela história de um povo,
um registro tosco de uma luta voraz
Ele agora é só um menino, mas seu brilho de alma
espanta o breu desigual
Ele vem em carisma envolto,
traz na vida seu grande tesouro,
meu guerreiro vivaz.

Para meu irmão, meu filho, meu guia Herivelton Felix.

domingo, 13 de março de 2011

Sobre esquecer

É como se me apontassem um punhal,
Como se me exigissem escolhas,
me propusessem uma realidade subjugada à mentira
É como se me torturassem
e em mim criassem mundos paralelos e viventes
Como se me envolvessem com máscaras
e me surpreendessem no abismo
É como um labirinto sem opção de chegada
Sem lembrança do caminho de partida
É como se retrucassem e emudecessem meus lábios
como se me desamparassem, e me sacrificassem
Tornando frívolo meu medo
É como se me fingissem escancaradamente,
E duelassem com minhas certezas
É como se eu já não fosse...
Como se eu tivesse esquecido o que era.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Ao Lamento...

Lamento!
É só o que posso
depois de ter-me atormentado os dias
de ter tornado sal minha alegria,
depois de ter rompido nosso elo
e aniquilado minhas lembranças
Lamentar é só o que me cabe
Mirar tua face turva e eternizar teu olhar de culpa
Repousar em teu peito sem dono,
"estilhaçar" meu amor profano
e entorpecer por engano teus delírios e apelos
Lamentar me sangra a alma!
Me resta endeuzar o tempo
lamentar se por apatia e medo
se por loucura e apego
fiz preso nosso grito de liberdade.

É do AMOR que falo...

É do meu amor que falo,
deste que não sei se vai ou se fica,
se escondo ou grito com vida
É do meu amor que temo,
que me sangre em palavras,
que me tomes sem permissão e siga
É deste que repousa em mim desde quando eu não era,
desde quando eu não sabia
que me apavora e some,
que me invade e habita
É do meu amor cabreiro,
deste sentir brejeiro, do falar desalinhado,
do exercer a culpa, de protelar sem calma
É deste sem ida, nem volta,
sem som e sem hora
É deste que já nem sei se fora,
que já nem sei se era,
Que já nem sei se tenho.