segunda-feira, 27 de julho de 2009

Gosto

Graciele Felix

Gosto do teu gosto doce simples
Do teu cheiro de rosa chá interiorano
Do teu olhar calmo profano
Das tuas mãos nuas
Do sempre de meia-hora
Do espreguiçar do dia
Da melodia
Da bela arte da tarde
Acompanhando o gavião
a espreita ao deslize da próxima presa
Do gêlo dos teus pés na noite fria
Do peito quente no edredom gigante
Da cama de estar
Do teu jeito de menino
Da tua ousadia intimista
Do teu sorriso escrachado
Dos dias de fúria
Dos dias de trégua
Da névoa do quarto andar
Revidando em teus olhos
o maciço de natureza que nos cerca
Da tua pele em brasa atada a minha
Do teu sofrer calado
Do zangar dos pássaros
Porque gosto do acaso,
se é que existe acaso.

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