quarta-feira, 30 de junho de 2010
SOBRE MULHERES E MINHAS VENERAÇÕES
Graci Felix
Hoje estive pensando e por sinal pensando muito, sobre minhas raízes, sobre meu alicerce de vida. Às vezes entre uma conversa e outra me perguntam sobre minhas venerações, sobre meus exemplos de vida. Fiz uma grande busca em minha memória, não que isto seja tão relevante a outro ser quanto a mim mesma, mas o ato de compartilhar é algo que venero.
Desde muito pequena fui observadora e questionadora, uma falha honrosa, mas um tanto irritante, diga-se de passagem. Voltemos ao muito pequena. Quando pequena via minha avó Olga, em momentos de aperto, dividir um ovo para dez crianças famintas, se embrenhando na mata para colher batata-doce, aipim, taioba, maxixe e jurubeba, aprontar um grandioso fogão de lenha, com uma elegância peculiar digna de causar inveja as entranhas de tops nas passarelas e assim alimentar uma prole de parrudos descendentes dos reinos africanos. Da minha mãe Rita, recordo de assistí-la em um notíciário, em dia de chuva torrencial, ancorada em uma lotação, absurdamente lotada, no olhar o desespero da fêmea em busca da cria perdida e depois de travar uma batalha constatar que estávamos bem e bem alimentados pela matriarca Olga. Por mulheres assim tenho veneração descompassada, por Ritas, Conceições, Terezas, Julias, Olgas, Neusas, Lauras e Marinas, por mulheres que conquistam, com suor e honra e triunfam com orgulho e merecimento. É nelas que meus anseios se fitam. É por elas que mais um de meus dias se faz.
Hoje estive pensando e por sinal pensando muito, sobre minhas raízes, sobre meu alicerce de vida. Às vezes entre uma conversa e outra me perguntam sobre minhas venerações, sobre meus exemplos de vida. Fiz uma grande busca em minha memória, não que isto seja tão relevante a outro ser quanto a mim mesma, mas o ato de compartilhar é algo que venero.
Desde muito pequena fui observadora e questionadora, uma falha honrosa, mas um tanto irritante, diga-se de passagem. Voltemos ao muito pequena. Quando pequena via minha avó Olga, em momentos de aperto, dividir um ovo para dez crianças famintas, se embrenhando na mata para colher batata-doce, aipim, taioba, maxixe e jurubeba, aprontar um grandioso fogão de lenha, com uma elegância peculiar digna de causar inveja as entranhas de tops nas passarelas e assim alimentar uma prole de parrudos descendentes dos reinos africanos. Da minha mãe Rita, recordo de assistí-la em um notíciário, em dia de chuva torrencial, ancorada em uma lotação, absurdamente lotada, no olhar o desespero da fêmea em busca da cria perdida e depois de travar uma batalha constatar que estávamos bem e bem alimentados pela matriarca Olga. Por mulheres assim tenho veneração descompassada, por Ritas, Conceições, Terezas, Julias, Olgas, Neusas, Lauras e Marinas, por mulheres que conquistam, com suor e honra e triunfam com orgulho e merecimento. É nelas que meus anseios se fitam. É por elas que mais um de meus dias se faz.
SOBRE INTENÇÕES E BANALIDADES
Que saudade do meu cantinho! Passei um fim de semana longe de mim, o que na verdade tem sido uma constância...enfim. Comecei, em um dia de ostracismo, a pensar sobre tudo o que vivia, como se a vida me tivesse dado alguns minutos para arquitetar um plano em cima das possibilidades que me apresentava no distinto momento. Se por loucura ou vaidade, me vi tão grande, mas tão grande, que não coube tanto sentimento no pedacinho de mundo em que me encontrava. Revi meus conceitos, as coisas que realmente me davam prazer e quanta banalidade havia em minhas lembranças. Minha essência é muito livre e irônicamente me aprisiona quando teimo ao me enquadrar, ao me doar aos que não necessitam. Meus pensamentos são tão simples, tão cuidadosos, mas porque com pessoas descuidadas ao extremo? Perguntas na vida jamais serão respondidas, o tempo é assim, nos ensina e nos ensina, uma hora ele se cansa. Meu tempo é um velho senhor. Quero meus ares! Preciso do meu casulo! Chega de rastejos pelo mundo! É tempo de borboletas! É tempo de voar!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
SOBRE A RAZÃO E SUAS SANDICES
Se pela razão...
Não sabemos o que há dentro de nós germinando, crescendo, pedindo passagem, sem ousar a licença. É triste o calar, mas calemos, sufoquemos enquanto o peito berra e as almas se fundem nos olhares pedintes, enquanto os corpos tiram proveito da fraqueza e se amam a meia-luz do passado. Enquanto os insanos e destemidos se reconhecem e estabelecem sem permissão mais um contrato. Coloquemos a chave na porta, rompe-se a aurora e de volta ao mundo real faz-se a moldura, a sociedade nos "ensina". As almas se reconhecerão eternamente, o brilho no olhar será sempre latente, mas os corpos hesitarão sempre que a razão for cega e carrasca.
Não sabemos o que há dentro de nós germinando, crescendo, pedindo passagem, sem ousar a licença. É triste o calar, mas calemos, sufoquemos enquanto o peito berra e as almas se fundem nos olhares pedintes, enquanto os corpos tiram proveito da fraqueza e se amam a meia-luz do passado. Enquanto os insanos e destemidos se reconhecem e estabelecem sem permissão mais um contrato. Coloquemos a chave na porta, rompe-se a aurora e de volta ao mundo real faz-se a moldura, a sociedade nos "ensina". As almas se reconhecerão eternamente, o brilho no olhar será sempre latente, mas os corpos hesitarão sempre que a razão for cega e carrasca.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Sobre gritos e sussurros
Foi infeliz aquele homem, de braços dados com o acaso, embrenhando-se em matas que não conhecia. Tentando tirar proveito da simpatia da vida e ousando pensar ser direito passar por cima do que não devia. Bem sei que foi infeliz aquele homem, tinha traços fortes no olhar, mas um medo que o tornava repugnante. Caminhava por entre os montes como se em faces pisasse, o sorriso amarelo emoldurava sua apatia, gritava por dentro e sussurava sandices. Levava nas mãos um cajado negro, negro por trazer nas veias o pesar dos maltratos passados, a covardia dos bábaros. Foi tão infeliz aquele homem, resmungando o mundo, distorcendo os fatos, ignorando os atos. Hoje o homem adormece, não mais grita, não mais sussurra, uma rosa na lapela e sua alma vaga. Como foi infeliz aquele homem
Sem pretenção
Não tenho a pretenção de viver só,
Ao que compreendo liguei a ti meus passos, meus pensamentos.
Não tenho a pretenção de viver só,
Quando digo que a casa é pequena e que o momento é triste,
Quando não nos compreendemos, quando o ar escassa.
Não tenho a pretenção de viver só quando penso no futuro, quando realizo a teu lado.
Ao que compreendo liguei a ti meus passos, meus pensamentos.
Não tenho a pretenção de viver só,
Quando digo que a casa é pequena e que o momento é triste,
Quando não nos compreendemos, quando o ar escassa.
Não tenho a pretenção de viver só quando penso no futuro, quando realizo a teu lado.
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