segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Meia-Hora

Graciele Felix


Hoje preciso de meia hora de tédio,
Que não me olhes, que não me cobres maturidade e sensatez,
Que não me desaprove, que não me queira.
Hoje preciso de meia hora para exercer meu egoismo,
Repousar no egocentrismo, me comprar uma peça de grife,
Fumar um charuto cubano, beber uma garrafa de uísque,
Subir na mesa e me despir como louca arrancando desejo dos olhos.
Hoje preciso ser mesquinha, não doar apenas por meia hora,
Comer caviar com polenta no jantar, sapatear na tristeza alheia
e descalçar no carvão em brasa.
Hoje preciso chorar minhas mágoas, afogar a tristeza
em minha ressaca e por meia hora não ser mais nada.
Hoje preciso de insanidade e rigidez aparente,
intolerância e covardia, para em meia hora acabar com todo o dia
Hoje preciso de meia hora e meia taça de água gelada
para sufocar minha alma e gargalhar sobre tua apatia.

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