segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mil Palavras

Graciele Felix

Mais de mil palavras me acordaram hoje,
Mais de mil lembranças,
Mais de mil sentenças,
Mais de mil poemas
Eram mais de mil, pensei
Eram mais de mil, nem sei
Eram muitas,
Eram todas no mesmo lugar
Mais de mil escritos me atormentaram hoje
São minhas lembranças mortas
Minhas cartas de amor esquecidas
Hoje a solidão roubou meu travesseiro
Mais que desespero, uma dor tamanha
Hoje o silêncio invadiu meu peito
Me fez de sombreiro, sentou-se aqui
Mais de mil imagens se desfizeram
Não te vejo mais, a mais de mil...
Nem sei mais quem sou.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Corpo Nu

Graciele Felix

Hoje fui menos pudica,
Pensei mil sandices,
Me despi em frente ao espelho
e vislumbrei meu corpo nu,
Amei-me como um homem apaixonado
Extasiado com um brilho sutil e melancólico no olhar
Me vi mil mulheres agonizando o perdão dos pecados
Oferecendo preceitos e gozando verdades
Mas hoje somente pecou meu pensamento
De tal maneira que anestesiou minha pieguice
e enterrou meu preconceito.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Meia-Hora

Graciele Felix


Hoje preciso de meia hora de tédio,
Que não me olhes, que não me cobres maturidade e sensatez,
Que não me desaprove, que não me queira.
Hoje preciso de meia hora para exercer meu egoismo,
Repousar no egocentrismo, me comprar uma peça de grife,
Fumar um charuto cubano, beber uma garrafa de uísque,
Subir na mesa e me despir como louca arrancando desejo dos olhos.
Hoje preciso ser mesquinha, não doar apenas por meia hora,
Comer caviar com polenta no jantar, sapatear na tristeza alheia
e descalçar no carvão em brasa.
Hoje preciso chorar minhas mágoas, afogar a tristeza
em minha ressaca e por meia hora não ser mais nada.
Hoje preciso de insanidade e rigidez aparente,
intolerância e covardia, para em meia hora acabar com todo o dia
Hoje preciso de meia hora e meia taça de água gelada
para sufocar minha alma e gargalhar sobre tua apatia.