sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Grito de Liberdade

Graciele Felix

Dentro de mim vive um grito de liberdade,
Que insiste em manter-se forte
e agride aos ouvidos algozes.
Berra quando ouso, pela minha indefesa sanidade, a me torturar os pulsos com as algemas de caridade. Insiste como se não houvesse saída no labirinto em que me aprisiono, invadindo meus poros, querendo mais do meu corpo.
Dentro de mim vive um grito de liberdade, que ultrapassa minha razão caduca e recicla minha busca alienada.
Dentro de mim vive sim um grito de liberdade, que faz do meu reflexo palavras e se mantém aqui para me lembrar quem sou.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Descontentamento Inoportuno

Graciele Felix

Ando chorando por dentro, cantando lamentos nos bares da cidade,
Ando com saudade de ser criança, de ter o futuro nas mãos e de brincar com a paciência.
As vezes bate a calmaria, outras vezes o mar está tão revolto que qualquer vento contrário desimbesta minha imensidão. Já esbarrei com a morte, mandei telegrama para o azar, já vivi dias de glória e vi muita gente desistir, porque são muitos os caminhos, sabe?
Ando cansada de rostos tristes, da falsidade humana, da avidez mascarada. Das lembranças em meus pesadelos, dos anseios de paz da humanidade.
Minhas mãos não reconhecem mais o trabalho e o fardo está tão pesado, que me dou conta de que ainda estou no meio do caminho.
Ando inquieta, querendo ouvir amor nos lábios de minha pátria, que cala enquanto é maltratada. Ando sem rumo, porque apesar de colocarem rédias nesta porra de destino, me fecho com medo, como se fosse um menino a caminhar sozinho. Ando sem saco das palavras vazias e de hospedar em mim este descontentamento inoportuno.

Olhos de Jabuticaba

Graciele Felix

Hoje parei para pensar no passado, Nos meus passos largos e em toda poesia que embrulhou meu corpo frágil. Encontrei na lembrança uma alma cativa, com olhos de jabuticabas e corpo de menina. Esbarrei em teu sorriso doce, aparelhado no meio da sala, pedindo colo para dormir. Hoje vi em sua fotografia o mesmo semblante angelical e bateu a saudade rotineira. O primeiro namorado, as amigas baladeiras, percebi que meu coração não abandonou seu prumo. O sorriso não mais aparelhado rebate e atordoa os olhares mesquinhos nas esquinas, o brilho nos olhos resiste, as vezes até triste, mas envolto na seda juvenil que lhe formaste e deixa rastros em sua estrada. De tudo onde é latente, meu coração persiste na ausência de palavras ou de qualquer contato rotineiro, recolhe lembranças, te acolhe em noites cansadas e zela em oração todos os dias por tua jornada.

A Brenda Bastos